segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A Dimensão Educacional do Futsal

A Dimensão Educacional do Futsal
Wilton Carlos de Santana
Mestre em Pedagogia do Movimento pela UNICAMP (SP)
Doutorando em Educação Física na UNICAMP (SP)

Você acredita que ao ensinar esporte, nesse caso futsal, é possível compartilhar mais
do que as regras oficiais, um conjunto de técnicas e outro de posicionamentos?
Acredita que além de aprender habilidades e desenvolver capacidades, a criança
esportista pode construir valores e atitudes? Se a resposta for positiva, então você
acredita na dimensão educacional do esporte. Por conseqüência, comparticipa da
idéia daqueles que acreditam que ao ensinar esporte é possível praticar educação.
Quais seriam os fins dessa dimensão esportiva? Proporcionar:
a) O prazer;
b) A evolução da consciência;
c) A introdução de uma cultura de lazer;
d) A construção da cidadania;
e) A valorização da auto-estima.
Trata-se de uma concepção pedagógica que vem contrapor outra, que ora se manifesta, em linhas gerais,
no esporte infantil, e que tem como paradigma o rendimento e como finalidade maior os resultados.
Significa dizer que alguns princípios e procedimentos (pedagogia) devem ser construídos para ensinar futsal
na infância que contraponham outros, voltados apenas para o treinamento precoce, seleção e revelação de
talentos e a conquista de títulos. Esse novo ritual para ensinar esporte deve possibilitar às crianças construir
autonomia e condições de transcendência. Algo deve ficar claro: nessa perspectiva o esporte não é fim, mas
um facilitador.
Logo, em detrimento de processos que procuram crianças ideais para o esporte, cultivam-se preocupações
com a criança real. Afinal, o esporte é (deveria ser) direito de cada um e não de alguns privilegiados.
Dessa forma, surge a necessidade de se dar um tratamento pedagógico para o ensino do futsal na infância.
Esta nova maneira de pensar deve provocar transformações em como se ensina (metodologia) futsal.
Faço, minimamente, algumas considerações1 que considero relevantes:
a) Quando se fala em aliar esporte e educação, muitos defendem a idéia equivocada de que quem pensa
nisso não ensina futsal. Bobagem! Quem se preocupa com essa aliança quer ir além, ensinar mais do que
futsal;
b) A aula do professor que se preocupa em ensinar mais do que futsal deve trazer momentos que apontem
para a formação humana. Na prática, esses momentos se traduzem quando da interação entre professor e
criança, criança e criança, em situações participativas e reflexivas;
c) Não pode existir tamanha preocupação em ensinar mais do que futsal a ponto do professor deixar de
ensinar bem futsal. Logo, o professor precisa ser competente tecnicamente. Ainda mais, deve estender o
seu conhecimento a todas as crianças, não apenas as mais talentosas;
d) Principalmente nos primeiros anos de aprendizado, deve-se veicular o componente lúdico. Os jogos da
cultura infantil têm essa característica. Praticando jogos já conhecidos, fica mais fácil para o professor
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Wilton Carlos de Santana
ensinar o que a criança ainda não sabe e deve aprender. O lúdico é a ponte. Essa atitude de aprender com
prazer, brincando, sinaliza para outra: gostando de como aprendem esporte, as crianças poderão incorporálo
definitivamente em suas vidas.

Abraço.