sexta-feira, 9 de abril de 2010

Capital simbólico

CAPITAL SIMBÓLICO
Profº Wilton Carlos de Santana
Docente do Curso de Esporte da UEL (PR)
Doutor em Educação Física - UNICAMP (SP)

Ouvi a expressão que dá nome a este texto pela primeira vez quando da minha defesa de doutorado. Quem a pronunciou foi o Alcides Scaglia, um eminente professor e pensador contemporâneo do futebol brasileiro. Capital simbólico é o “cartão de visita” do ex-jogador de futebol que inicia a trajetória de treinador. É o que ex-jogadores, como Antonio Carlos (Palmeiras), Andrade (Flamengo), Ricardo Gomes (São Paulo), Dorival Júnior (Santos), Leonardo (Milan) etc. têm. Entendeu?
O fato é que na corrida pelos clubes, seja os profissionais ou de base, o ex-jogador é mais bem avaliado pelo meio do que os que não jogaram bola. É compreensível. Isso acontece no futsal também. Mas atenção: estou longe de dizer que ex-jogador não conhece futebol ou que não é ou será bom treinador. Apenas explico, até o momento, o que é ter e o que é não ter capital simbólico. Daqui pra frente passo a repercutir isso.
De cara: se por lado isso ajuda muito o ex-jogador, muito atrapalha quem não o foi. Quem não jogou profissionalmente, embora entenda futebol, terá que provar que é capaz de treinar uma equipe. Portanto, fica mais difícil entrar e manter-se. Mas não impossibilita o sucesso no futebol.
Para dar um exemplo bem próximo de mim, porque há outros, e também em tom de homenagem, citarei o exemplo do meu amigo Leandro Carlos Niehues, que acaba de assumir o time profissional do Clube Atlético Paranaense. Ele não jogou futebol, mas mostrou ser competente como técnico no juvenil do PSTC, nos juniores do próprio Atlético e no profissional do Corinthians Paranaense. Tornou-se, aos 36 anos, o técnico mais jovem entre as equipes que disputam o Brasileirão da Séria A.
Embora eu acredite que se perpetuará a prática de se transformar ex-jogadores em técnicos de futebol, o Leandro deve servir de exemplo e alento para quem quer ser treinador e não jogou bola. Como derrotar o capital simbólico dos ex-jogadores? Com estudo, persistência, talento e, como não poderia deixar de ser, resultados.

Disponível em www.pedagogiadofutsal.com.br, acessado em 08/abril/2010.

Abraços !!!