Por Wilton Carlos de Santana
No Mundial da China, em 2004, por esse ou aquele motivo, pouco se viu o talento de Manoel Tobias, pois este passou boa parte do tempo no banco de reservas. Não opinarei sobre o motivo de o técnico da Seleção Brasileira ter optado pela sua pouca utilização. As decisões de um técnico devem ser respeitadas, ainda mais de alguém experiente e competente como Fernando Ferretti. De minha parte, quero registrar neste editorial o meu apreço pelo o que Manoel Tobias representou para o futsal brasileiro em geral. Não o acompanhei fora das quadras, mas nestas penso que Manoel estabeleceu um padrão do que deveria ser o jogador de futsal da “Era FIFA”: com bola, imprimir velocidade ao passe (acelerado), procurar o jogo direto, de chutes e passes verticais (sem burocracia e sem desespero), adaptar-se às estratégias do técnico, atuando taticamente de forma coletiva, mas sem perder a criatividade e a individualidade, atitudes últimas, aliás, que fizeram Tobias tantas vezes artilheiro e melhor jogador de campeonatos importantes; quando a bola estivesse de posse da sua equipe, deveria desequilibrar o marcador para recebê-la, ou projetar-se no espaço, ou “meter a cara” no meio (aproximar-se para jogar); quando a bola estivesse com o adversário, obstruir o seu avanço, criando-lhe desconfortos; quando do desarme, visar à bola, sem imprudência; correr para trás para cobrir espaços e colegas (ajudar).
Manoel Tobias representou para muitos treinadores jovens como eu o exemplo de jogador a ser seguido. Foi quem fez mais gols, quem atuou mais vezes e quem conquistou mais títulos pela Seleção Brasileira. Foi considerado pela FIFA o melhor jogador de futsal do mundo em duas oportunidades (1996 e 2000), ocasiões em que foi artilheiro. Todos sabem do desafio que é para a Seleção Brasileira voltar ao topo do futsal internacional. Penso que isso fica ainda mais difícil por não termos um craque como o Manoel Tobias. Ao afirmar isso não questiono o fato de esse jogador não ser convocado. Longe disso. O técnico da Seleção Brasileira, como poucos, sabe muito bem o que faz. O fato é que Manoel estará com 37 anos em 2008! Refiro-me ao fato de o PC não ter alguém como ele “disponível”, como Tacão (1992 e 1996), Vander (2000) e Ferretti (2004) tiveram. Não compararei os jogadores de hoje com Manoel Tobias. Esse tipo de comparação é para quem nada entende de futsal. Lamento o fato (ainda que o compreenda) de Manoel jogar na Espanha. A questão é a seguinte: “Em qual craque os jovens (jogadores e treinadores) de hoje se inspirarão?”.
Abraços !!!
