quinta-feira, 6 de maio de 2010

O que mais importa: como sua equipe joga ou o resultado alcançado?

Por Wilton Carlos de Santana

Costumo dizer que o que se tem de avaliar numa equipe de jovens é "como" ela joga e não "qual" o resultado que alcançou. Significa dizer que mais importante que o resultado é o jeito que se joga. Isso não é comum. Habitual é se avaliar apenas a expressão numérica da equipe e o seu lugar na competição. Pensa-se, invariavelmente, de forma reducionista, parcial, tacanha.
O princípio de avaliar o modelo de jogo da equipe independentemente do resultado alcançado é uma atitude promissora. Por quê? Porque isso engajaria o treinador na responsabilidade de construir, progressivamente, um jeito de jogar que levasse seus jogadores à aquisição de um modelo de jogo fecundo. Nesse sentido, não se pode admitir, por exemplo, que jogadores entre 14 e 17 anos fiquem esparramados na quadra no lugar de estarem distribuídos; que deem importância ao colega e ao adversário apenas quando estes têm a bola quando deveriam incluí-los independentemente desta; que iniciem a pensar quando a bola lhes chega quando deveriam antever o que farão antes de recepcioná-la; que joguem apenas com posse de bola no lugar de abrir espaços para si e para os outros; que reajam à ação do adversário quando deveriam antecipar suas intenções; que joguem demonstrando suas intenções quando deveriam dissimulá-las, ocultá-las etc. Por baixo, como jogar entre os melhores sem construir esses e outros recursos?
Oponho-me à ideia de que "tudo vai bem" porque se venceu o jogo, porque se foi campeão. Ora, não sejamos imprudentes. Se houver um casamento entre o modelo e o resultado, perfeito. Caso contrário é hora de se rever metas. Trate de focar no modelo, que é a herança do jogador, o que ele carrega consigo. Por isso, desenvolva nos seus treinos um tipo de jogo fértil, que sirva de "ponte" para os jovens jogarem em um nível mais avançado, que é o que vem pela frente.
Em tempo, não seja ingênuo de achar que este texto quer desestimulá-lo a buscar vitórias e de que estas não são bem-vindas. Estou convicto de que os treinadores que respeitarem esse princípio serão os que mais contribuirão para seus jogadores, inclusive, no item “resultados”. Porém, não invista no resultado independentemente do nível de jogo da sua equipe.
Precisamos nos lembrar de que o conhecimento que se adquire nos treinos se transforma em "pilar" para a aquisição de novos conhecimentos. O que é isso? Simples: o que se aprende é o que se terá disponível para aprender! Quer dizer que as lacunas táticas dos seus jogadores são, em grande parte, as suas e também que os recursos daqueles, em dada medida, são os seus. O jeito de o jogador conceber o jogo e, por conseguinte, atuar, passa pela sua compreensão tática. Então, questione-se: "O que abordo nos treinos contribui para a evolução no jeito de os meus jogadores atuarem?"; “Os meus treinos deixam uma herança promissora para os jovens?”.
Por isso, bom treinador seria aquele que proporciona aos seus jogadores treinos que gerem recursos para atuarem em equipes mais avançadas. Podem ter te convencido do contrário, isto é, de que o seu trabalho é o de, exclusivamente, vencer jogos, mas eu te digo que o seu desafio, sem menosprezar o presente, é preparar os jovens para um tipo de jogo mais avançado. A sua visão tem que ser prospectiva (pensar no futuro).

Disponível em www.pedagogiadofutsal.com.br

Abraços !!!