terça-feira, 21 de julho de 2009

A expansão do futebol feminino

A expansão do futebol feminino
Wilton Carlos Santana

No ano de 2003 eu e a professora Heloisa Reis (UNICAMP) escrevemos um artigo acerca do futsal feminino. Na época, segundo o que levantamos, se manifestava um interesse da Confederação Brasileira na expansão da modalidade, inclusive, em nível internacional. Havia certa expectativa de que o futsal feminino se propagasse. Penso que a CBFS não apenas confirmou, mas superou as expectativas, pois o que vemos é uma expansão sensível do futsal feminino em todo o território nacional. Prova disso, por exemplo, é o fato de a 16ª Taça Brasil de Clubes da categoria principal ser disputada (fases classificatória e final) por 25 equipes de 20 estados diferentes. Além disso, outros dados ratificam a franca ascensão: há um departamento de futsal feminino na CBFS; há uma Liga de futsal feminino; há uma seleção brasileira de futsal feminino, que há pouco tempo esteve na Espanha para alguns amistosos; há campeonatos brasileiros de seleções e de clubes na categoria principal e nas de base; disputou-se, no Brasil, em 2005, um Sul-americano de seleções.
Em decorrência disso, encontro, independentemente da localidade, profissionais ligados e alunos interessados no futsal feminino e, evidentemente, mais meninas se iniciando no futsal. É ótimo constatar um esporte culturalmente destinado aos homens praticado por mulheres. Nunca é demais lembrar que o esporte não é masculino ou feminino, mas são as culturas, a partir das suas crenças, que lhe imprimem significados. Por isso que um determinado esporte é mais aceito num lugar do que noutro. Em função dos resultados dos últimos quatro anos, o Sul do país concentra as maiores forças da modalidade. As Ligas de 2005 e 2006 foram vencidas, respectivamente, por uma equipe gaúcha (Chimarrão) e outra paranaense (Unopar). As Taças Brasil de Clubes na categoria principal foram vencidas por uma equipe gaúcha (Chimarrão em 2003/04) e outra catarinense (Kindermann em 2005/06). Destaca-se também o tricampeonato da seleção paulista nos três Brasileiros de Seleções disputados (2002/04/06). Em função de residir em Londrina e de aqui se encontrar a Unopar, tenho a oportunidade de acompanhar jogos de bom nível e constatar a evolução técnico-tática das meninas. Penso que o futsal feminino avançou, mas ainda falta ganhar maior visibilidade nos meios de comunicação em geral, sobretudo na televisão. Quando isso acontecer tudo melhorará: com mais dinheiro, maior o poder das equipes de investirem e se dedicarem. Por último: possíveis comparações com o futsal masculino devem ser sumariamente evitadas, pois são, minimamente, inoportunas. Mulheres têm de ser comparadas entre si. Assim terão respeitada sua individualidade; assim as meninas poderão se iniciar no futsal sem a responsabilidade e/ou o objetivo de terem de se comportar como os meninos naquilo que fazem para serem aceitas pelos(as) professores(as).

Disponível em: www.pedagogiadofutsal.com.br

Abraços.